quinta-feira, 10 de setembro de 2020

07 EDUCAÇÃO, LUDICIDADE E PREVENÇÃO DAS NEUROSES FUTURAS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DA BIOSSÍNTESE


 

OBSERVAÇÃO: O presente texto é uma versão modificada da Comunicação que escrevi para uma apresentação no II Congresso Internacional de Biossíntese, que ocorreu em Salvador, Bahia, no período de 11 a 14 de outubro do corrente ano de 2003, intitulado “Biossíntese, educação e prevenção de neuroses futuras: perspectivas para o século XXI”. Uma parte desse texto foi suprimida em função dela ser desnecessária para a compreensão da relação entre ludicidade e Biossíntese, assim como fiz atualização de alguns verbos utilizados, em termos de tempo gramatical.

 

 

 

1. Educação e ludicidade: elucidações conceituais

Nos últimos tempos, temos visto nascer uma preocupação estimulante com a ludicidade na vida humana, que se manifesta por múltiplas expressões, tais como: os investimentos culturais científicos e econômicos no lazer, nas atividades para a denominada terceira idade, no incremento das viagens, nas brinquedotecas, nas videotecas, na prática educativa lúdica na família, na escola, no treinamento de recursos humanos na empresa... Domenico de Masi vem falando do “ócio criativo”[1]. São muitas, muitas, as expressões.

A educação em geral e a educação escolar, em particular, não tem estado ausente desse movimento, apesar de termos ciência das lacunas existentes nessa área, seja no que se refere à produção científica, seja nos cuidados com a prática, seja mesmo na amplitude de sua utilização na escola e na sala de aulas.

Uma educação lúdica tem na sua base uma compreensão de que o ser humano é um ser em movimento, permanentemente construtivo de si mesmo. Uma prática educativa lúdica deve assentar-se sobre um entendimento de que o ser humano, através de sua atividade e consequente compreensão da mesma, constrói-se a cada momento, na perspectiva de tornar-se mais senhor de si mesmo, de forma flexível e saudável.

As atividades lúdicas, por si mesmas, são construtivas, à medida que são ações; e, sabemos, a partir de várias tradições teóricas, que o ser humano enquanto age modificando o mundo, modifica-se também a si mesmo. Para citar alguns autores, basta lembrar de Marx, Piaget, Claparède, John Dewey.

O que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, quando age ludicamente, vivencia uma experiência plena. Com isso, queremos dizer que, na vivência de uma atividade lúdica, cada um de nós está pleno, inteiro nesse momento, ao tempo em que aprende o significado desse estado de ânimo; então, cada um de nós se utiliza da atenção plena, como definem as tradições sagradas orientais. Enquanto estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa própria atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. Poderá ocorrer, evidentemente, que podemos estar no meio de uma atividade lúdica e, ao mesmo tempo, estarmos divididos com outra preocupação, fator que revela que não estamos participando dessa atividade de modo psicologicamente inteiro. Estaremos com o corpo presente, mas com a mente em outro lugar e, então, nossa atividade não será plena e, por isso mesmo, não poderá ser lúdica.

Agir ludicamente exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente, ao mesmo tempo. A atividade lúdica não admite divisão; e, as próprias atividades lúdicas, por si mesmas, nos conduzem para esse estado de consciência. Se estivermos num salão de dança e estivermos verdadeiramente dançando, não haverá lugar para outra coisa a não ser para o prazer e a alegria do movimento ritmado, harmônico e gracioso do corpo. Contudo, se estivermos num salão de dança, fazendo de conta que estamos dançando, mas de fato, estamos observando, com olhar crítico e julgativo, como os outros dançam, com certeza não estaremos vivenciando ludicamente esse momento.

A atividade lúdica propicia um estado de consciência livre dos controles do ego, por isso mesmo criativo. O nosso ego, como foi construído, em nossa história pessoal de vida, na base de ameaças e restrições, é bastante constritivo, centrado em múltiplas preocupações e defesas. Ele reage à liberdade que traz a atividade lúdica em si mesma. Por isso, uma educação centrada em atividades lúdicas tem a possibilidade, de um lado, de construir um “eu” saudável em cada um de nós, ou, por outro lado, vagarosamente, auxiliar a transformação do nosso “eu” constritivo num “eu” saudável. Educar crianças ludicamente é estar auxiliando-as a viver bem o presente e preparar-se para o futuro. Educar ludicamente adolescentes e adultos significa estar criando condições de restauração do passado, vivendo bem o presente e construindo o futuro.

Deste modo, uma educação lúdica, a nosso ver, é uma orientação adequada para uma prática educativa que esteja atenta à formação de um ser humano ou de um cidadão saudável para si mesmo e para a sua convivência com os outros, seja na vida privada ou pública.

Para participar de uma prática educativa com essa qualidade, necessitamos do ser humano inteiro: de seu corpo, sua mente, sua espiritualidade. Daí a razão pela qual a Biossíntese, como uma teoria biopsicoespiritual do ser humano, nos oferecer as bases para esse empreendimento. Servirmo-nos dela, a seguir.

 

2. Biossíntese: elucidações históricas e conceituais

Biossíntese é uma área psicoterapêutica, criada por David Boadella, psicoterapeuta inglês, com data marcada do ano de 1974, porém os estudos, para se chegar a sua primeira configuração, se estende por muitos anos para o passado.

Em torno de 1950, David Boadella foi treinado em vegetoterapia[2]. Em 1957, iniciou seus trabalhos como terapeuta individual; em 1970, criou a revista científica intitulada Energy and Carater. Em 1974, apresentou, pela primeira vez, a Biossíntese já com essa denominação e com uma configuração teórico-prática definida, através de uma conferência denominada Stress e Caráter, no Instituo Tavistock de Relações Humanas, em Londres.

Entre 1975, logo após a primeira formulação da Biossíntese, e 1985, David Boadella ministrou cursos de formação nessa área psicoterapêutica em mais de trinta espaços geográficos do mundo, situados na Europa, Japão, América do Norte e América do Sul.

O autor define que “Biossíntese significa integração da vida[3], o que dizer possibilitar à vida o seu pulsar e a sua expressividade espontânea e criativa, nas suas múltiplas áreas e dimensões.

Podemos compreender Biossíntese em dois sentidos: na sua conotação essencial significa “integração da vida”, uma prática psicoterapêutica, com conhecimentos e técnicas específicos de atuação na restauração do fluxo da vida, que possibilita a cada ser humano a sua expressividade espontânea e livre; na sua constituição como área de conhecimento, ela integra organicamente conhecimentos e saberes provenientes de várias tradições científicas, filosóficas e religiosas. Neste sentido, David Boadella diz que a Biossíntese é um:

continuum evolutivo de conceitos e práticas retiradas de muitas fontes e integradas num nível de ordem superior. Como um sistema ecológico, ela se mantém na diversidade, conquanto seja cimentada pela coerência e interrelação cooperativa entre as habilidades e os princípios que a compõem[4].

Hoje, David Boadella define a Biossíntese com as seguintes palavras:

Biossíntese significa integração da vida e refere-se aos processos específicos de autoformarão, que guia o crescimento orgânico o desenvolvimento pessoal e a emergência espiritual.

 

Assim sendo a compreensão teórico-prática da Biossíntese baseia-se em três pilares constitutivos do ser humano: a existência somática, a experiência psicológica e a essência do ser. Decorrentes dessa visão, são três as formas de compreensão e atuação da Biossíntese que lhe garantem sua especificidade e o seu caráter próprio.

Em primeiro lugar, é uma psicoterapia corporal, derivada dos estudos teóricos e das propostas psicoterapêuticas de Wilhelm Reich; porém acrescidos dos princípios básicos da embriologia funcional, que estuda o ser humano no seu processo formativo embrionário. Nesta instância, a compreensão teórica e a prática psicoterapêutica da Biossíntese integram padrões de respiração, tônus muscular e expressão emocional, tendo como objetivo restaurar os padrões de ondas respiratórias e do fluxo da vida no corpo, que dão base a expressividade da vida.

Em segundo lugar, a Biossíntese dá atenção, no processo psicoterapêutico, à organização e reorganização da personalidade, integrando sentimentos como forma de comunicação, integrando a percepção e a cognição como formas de entendimento, e as ações como decisões praticadas. Deste modo, sentimentos, ação e pensamentos tornam-se mutuamente interativos e articulando-se no fluxo vital do corpo.

Em terceiro lugar, está atenta à experiência bioespiritual, centrada na compaixão por si mesmo e pelos outros e enraizada num claro contato com a necessidade de dar base às qualidades essenciais do ser humano. Esta terceira fonte de atenção da Biossíntese tem a ver com as qualidades do coração, no sentido de centro vital.

Em síntese, a Biossíntese nasceu como e é um processo de psicoterapia que reconhece a especificidade e a variedade dos caminhos do desenvolvimento individual subjacente à autoformarão de cada ser humano. Através de sua multidimensionalidade e seus distintos níveis constitutivos (físico, vital, emocional, mental, espiritual) interconectados, o ser humano produz diferentes modos de vida, que podem manifestar-se de duas formas básicas: fechados ou abertos. O sistema fechado apresenta-se através dos bloqueios corporais das distorções da personalidade e dos desvios da espiritualidade; o sistema aberto, ao contrário, reflete contato físico sadio consigo mesmo, vivacidade na personalidade e contato com as qualidades do coração (qualidades essenciais).

 

3. Educação lúdica biossistêmica e prevenção das neuroses futuras

A Biossíntese não tem uma proposta pedagógica estabelecida, desde que, em si, não foi concebida como uma teoria pedagógica, mas sim como uma teoria e uma prática psicoterapêuticas. Então, da teoria e da prática psicoterapêutica da Biossíntese, vamos fazer emergir uma concepção e uma prática pedagógicas, que, com certeza, estarão na direção daquilo que Reich propunha “da prevenção das neuroses futuras”. A falta de melhor denominação, vamos adjetivar de lúdico-biossistêmica a proposta e a prática educativa lúdica que se sustenta teoricamente na Biossíntese.

 

3.1. O ser humano como um ser em movimento

Em primeiro lugar, para constituir uma educação lúdico-biossistêmica, importa conceber o ser humano como um ser em movimento.

A Biossíntese, no rastro da biologia, da psicanálise, da epistemologia genética e de tantas outras escolas científicas e filosóficas, concebe o ser humano como um ser em movimento, ou seja, como um ser que se constitui ao longo do tempo, em suas interações com o meio em que vive.

Para a Biossíntese, o ser humano se forma ao longo de sua existência, através de suas múltiplas interações com os elementos componentes do seu meio: pessoas, meio natural, meio social, político, religioso... O que implica em uma construção interna e externa de si mesmo, que se manifestará tanto através de padrões universalizantes como através de padrões individuais de conduta, portanto, manifestando padrões gerais de conduta assim como singularidades.

Até finais do século XIX, se concebia o ser humano como um ser dado pronto. No momento da concepção, Deus criava uma alma nova e a infundia no corpo que estava para se formar. A alma estava pronta e somente o corpo se desenvolvia. Mas, a partir de meados do século dezenove, tanto biologicamente (Darwin), quanto sociologicamente (Marx) quanto psicologicamente (Freud, já no final do século), começamos a entender o ser humano como um ser que não é dado pronto, porém que se constitui no espaço e no tempo.

A Biossíntese insere-se nessa tendência; por isso, assume que o ser humano, em sua trajetória de vida, faz-se a si mesmo em suas interações com o meio, sendo algumas bem-sucedidas e outras, não; contudo, todas elas fazendo parte do amalgama da existência.

O ser humano constitui-se através de suas ativas interações com o meio em que vive. No início, com os pais e irmãos, dentro da família nuclear; depois, com a família mais abrangente, tais como avós, tios, tias, primos, primas...; a seguir com os amigos da família e os filhos dos amigos da família; os professores, pastores, vigários, ... Contudo, também, como um pano de fundo, com a natureza circundante, a cultura local, regional e nacional. Também o lugar na classe social a que pertence... Enquanto o ser humano age, constitui-se a si mesmo através dessa ação. Evidentemente que sofremos as determinações do nosso meio, mas também modificamos o mesmo e, nessa troca, ocorrem ganhos, perdas, fixações, fluidez.

A visão lúdico-biossistêmica da educação compreende e assume o ser humano como um ser em constituição sempre; por isso, faz eco à decisão do Relatório da UNESCO sobre Educação para o Século XXI, quando configura o conceito de “educação ao longo de toda a vida”.  Ou seja, esteja em que momento estiver da vida, o ser humano tem em si o potencial da mudança e, pois, de transformação.

Ao assumir este ponto de vista, a educação estará investindo permanentemente no ser humano, por acreditar que ele é “um ser inacabado” e, deste modo, passível de auto-organização e de transformações, seja no estágio da infância, da adolescência ou da vida adulta.

Uma educação, cujo recurso básico seja a ludicidade não pode fugir a uma perspectiva biossistêmica, ou assemelhada, que assuma o corpo-mente como um fator fundamental da existência humana. A atividade lúdica, por si, é ação, e, como tal, implica em movimento, em construção. À medida que agimos ludicamente, criamos nosso mundo e a nós mesmos de forma lúdica.

Para praticar uma educação e uma vida lúdica, necessitamos de vivenciar, integrada e simultaneamente, a mente e o corpo, ou, se preferirmos, o corpo-mente ou a mente-corpo.

 

3.2. O ser humano visto a partir das camadas embrionárias

A Biossíntese compreende o ser humano, biopsicoespiritualmente, a partir de suas camadas embrionárias --- endoderma, mesoderma e ectoderma ---, que se manifestam como correntes energéticas da vida, que, por sua vez, se organizam no processo de interações com tudo o que existe, visível e invisível. O endoderma dá origem a todas as vísceras, o mesoderma a toda a estrutura de sustentação e o ectoderma a todos os meios e mecanismos de pensamento, entendimento e comunicação; respectivamente, temos, nos seus fundamentos somáticos assumidos pela Biossíntese, o sentimento, o movimento e o pensamento.

No início de nossa vida embrionária, temos essas camadas em equilíbrio, ou seja, temos as possibilidades de “centrar”, “aterrar” e “comunicar”, que são as tarefas fundamentais da vida humana sem bloqueios[5]. Porém, os acontecimentos da gravidez da qual nascemos, o nosso nascimento e os acontecimentos pós-parto, trazem múltiplos eventos que desequilibram a harmonia entre as três camadas embrionárias e seus componentes biopsicoespirituais. E, no decorrer da existência, muitos eventos, em nossa relação com o meio, que nos envolve e com o qual convivemos, produzem desequilíbrios nessa harmonia e, consequentemente, no nosso modo de ser.

Usualmente, desequilibramos nossas capacidades de, simultaneamente, centrar-semovimentar-se e comunicar-se. Esse desequilíbrio faz com que nosso agir se vincule mais a uma do que a outra dessas operações básicas de nossa vida. Estar unicamente centrado em nossos sentimentos é um distúrbio, à medida que o movimentar-se e o comunicar-se ficarão descuidados; mas, também, o movimentar-se em excesso, sem os cuidados com o centrar-se e comunicar-se, gerará um desequilíbrio, o mesmo ocorrendo com o comunicar-se em excesso, sem a articulação com as outras duas camadas constitutivas do ser humano. O que importa é o equilíbrio das três camadas embrionárias em nosso ser e em nosso agir.

No decorrer nossa existência, podemos aprofundar esses desequilíbrios ou restaurá-los. Se as origens desses desequilíbrios forem profundas, é claro, haverá necessidade do suporte específico de um profissional especializado que nos auxilie no reestabelecimento do equilíbrio entre as três camadas que nos constituem.

Contudo, vale sinalizar que, mesmo neste tipo de quadro, atividades educativas que conduzam ao centrar-se, ao aterrar-se e ao comunicar-se terão sadios efeitos sobre o ser humano.

No caso, uma prática pedagógica lúdica, por si, propicia o centrar-se, aterrar-se e comunicar-se, à medida que ela exige o máximo de atenção, o que implica em estar psicobiologicamente presente no corpo e no mundo real e, a partir daí, fator que sustenta o facing com o outro, efetivamente a comunicação.

Nesse contexto, os educadores poderão ter um papel profundamente benéfico na vida dos seus educandos, à medida que os auxiliem a treinar equilibradamente esses modos essenciais de ser do ser humano. Por exemplo, na escola, com atividades lúdicas relativamente simples, podemos auxiliar o educando a ir para “centro” de si mesmo, para a sua confiança interna e externa; não é, também, difícil nem coisa tão especial estimulá-lo à ação; como também ao pensar.

Mais à frente, teremos oportunidade de abordar as questões técnicas. Por enquanto, basta saber que atuar na perspectiva das forças progressivas pode ser um grande ganho para cada criança e para cada adolescente, inclusive na perspectiva de sanear algumas dificuldades e traumas do passado, mesmo sem atuar diretamente sobre eles.  O acolhimento e o confronto amoroso podem suavizar, senão curar, muitos bloqueios, de um modo vital.

 

3.3. Campos da vida humana

Tomando por base os elementos acima expostos, a Biossíntese compreende e trabalha psicoterapeuticamente com o ser humano na perspectiva de restaurar e estimular os seus fluxos vitais e, para delimitar o seu modo de trabalhar terapeuticamente, utiliza-se do diagrama[6] que se segue.



No caso, ele apresenta uma chave para a compreensão e atuação do terapeuta. Define e configura sinteticamente os campos da experiência humana, segundo a compreensão da Biossíntese. Pode ser uma chave de compreensão e de atuação, também para o educador em geral e para o educador que trabalha com ludicidade, como veremos.

O diagrama pode ser lido de diversas maneiras. Incialmente, pelas camadas circulares, em número de três: a primeira camada representa nossa experiência mais externa, nossas relações que tem por base nossas aparências, nossos mecanismos de defesa, congelados em nossa musculatura; a segunda camada mostra nossas qualidades mais verdadeiras e mais próximas do centro, de nossa essência, daquilo que verdadeiramente somos (à medida que nossos mecanismos de defesa são flexibilizados, nossas qualidades mais verdadeiras vem à tona); a terceira camada, a mais interna, representa nossa essência, nossas qualidades mais profundas.

Em segundo lugar, o diagrama pode ser visto pelas camadas horizontais, também, em número de três: a inferior relativa ao corpo, composta pelos campos 1 e 2; a intermediária relativa à personalidade, refere-se aos fatores emocionais, e é composta pelos campos 3 e 4; a superior, composta pelos campos 5 e 6, relativa à experiência simbólica, onde estão presentes as crenças, os símbolos, os valores do imaginário, da mente.

Evidentemente que as distinções entre as camadas, neste diagrama, são exclusivamente didáticas. O ser humano funciona como um todo corpomente, onde corpo, emoções e o imaginário operam conjunta e integradamente.

Pode ser lida, ainda, verticalmente. No caso, o lado esquerdo do diagrama expressa o interpessoal, expressando nossas relações com o mundo exterior e com as pessoas, nos níveis do corpo, da vivência emocional e das experiências do simbólico. O lado direito do diagrama expressa a experiência intrapessoal, expressando nossas interações conosco mesmos, tendo como referência o corpo, a personalidade e o imaginário.

Na camada externa, onde estão expressos nossos modos de ser mais externos, podemos observar configurações específicas quanto ao corpo, à vida emocional, e às crenças. São áreas de trabalho direto e imediato, pois que são os mais visíveis e observáveis.

Os campos 1 e 2 representam as experiências corporais; o 1 tem a ver com a sobrecarga ou a subcarga energética manifesta na estrutura do corpo e em sua massa muscular; o 2 traz a questão da respiração hipercontrolada ou caótica.

Os campos 3 e 4 tem a ver com a estrutura da personalidade; o 3 define os padrões de relacionamentos, que podem ser, opostamente, de privação ou de invasão; o 4 delimita os padrões emocionais de repressão ou de explosão.

Os campos 5 e 6 referem-se aos níveis da experiência espiritual, sendo que o 5 expressa a linguagem confusa ou defensiva e o 6 o imaginário restritivo (crenças símbolos errôneos).

 

A segunda faixa do diagrama expressa a segunda camada de nossa personalidade, mais sadia e organizada, por isso intermediária entre nossas aparências e nossa essência.  Ë a faixa que expressa nosso esforço de conhecermos e reconhecermos o que somos, e ainda como somos, para administrar nossa vida de um modo mais saudável.

 

Os campos 1 e 2 referem-se ao corpo: o primeiro, aos impulsos naturais de movimento e, o segundo, ao ritmo centrado de respiração.

Os campos 3 e 4 referem-se à personalidade: o campo 3 refere-se ao relacionamento como contato e diálogo e o campo 4, clareza emocional.

Os campos 5 e 6 referem-se as nossas crenças e nossos símbolos: correspondentemente, linguagem conectada e imaginário criativo.

A terceira e última camada refere-se a nossa essência, ao nosso verdadeiro centro, em contato com nosso self pessoal, integrado no Self Transpessoal. A qualidade centrada no coração de nós mesmos, nossa missão nesta experiência de vida.

O trabalho psicoterapêutico da Biossíntese tem por objetivo iniciar desbloqueando as contrições corporais, reorganizar a personalidade e clarear crenças errôneas de cada um de nós, consequentemente, possibilitando a cada ser humano o ingresso na segunda camada do nosso ser, que é bastante mais organizada e fluída que a primeira; em si, mais verdadeira. Nessa camada, o ser humano aproxima-se do seu centro essencial de energia vital.

Para proceder esse trabalho psicoterapêutico, a Biossíntese opera com os seguintes recursos, tendo presente os campos da experiência da vida humana, apresentados no diagrama acima:

 

campo 1: trabalho motórico com o tônus muscular e com movimentos expressivos;

campo 2: trabalho energético com os ritmos de respiração vital e sutil;

 campo 3: trabalho com ressonâncias e interferências no campo do relacionamento interpessoal;

campo 4: trabalho com o espetro de contenção e liberação relativo a expressão da emoção;

campo 5:  trabalho para limpar e clarear nossa linguagem de suas distorções comunicativas;

campo 6: trabalho transformativo sobre as crenças restritivas, que limitam nossa visão do mundo e da realidade;

na área central do diagrama, trabalho para conectar-nos com a voz do coração, através do desenvolvimento da percepção sutil. Quando trabalhamos com a essência, entramos em contato com os níveis sutis da experiência; entramos em contato com o ground interior e com as qualidades básicas do nosso ser.

 

Essa visão dos campos da vida humana, estabelecidas no diagrama acima, pode nos indicar, também, caminhos fundamentais para uma prática educativa em geral e para uma prática educativa lúdica em específico, que tenha por objetivo a “prevenção das neuroses futuras”.

Os campos 1 e 2, que estão configurados em torno da expressão corporal, podem ser perfeitamente trabalhados pela educação física, que, por si, está voltada para o corpo. Contudo, importa dar uma nova direção a essa prática educativa, abandonando a forma rígida de forjar o corpo sob a égide de uma disciplina externa, aversiva, punitiva, assim como uma educação física centrada na calistenia, que busca um corpo “malhado”. Dessa forma, numa educação lúdico-biossistêmica, no âmbito da educação física deverá estar centrada na possibilidade do aterramento (ground) externo e interno, de movimentos flexíveis, de uma boa e sadia respiração que alarga os canais de circulação de energia e, pois, da vida, assim como na percepção das emoções e dos sentimentos, que estão contidos na musculatura.

Os campos 3 e 4, que estão relacionados a vida emocional, seja na relação com os outros seja na relação consigo mesmo, podem ser trabalhados nas múltiplas oportunidades de relacionamentos no seio da atividade educativa. Acolher, ser acolhido, dar continência, aceitar a continência do outro, dizer sim, dizer não, dialogar, encontrar soluções coletivas e comuns, trabalho coletivo..., são tantas as oportunidades na atividade educativa de se trabalhar a vida emocional, tanto em relação a si mesmo como em relação ao outro.

Por último, os campos 5 e 6, relativos ao imaginário e à linguagem, podem ser trabalhados através de todas as disciplinas escolares, de forma semelhante como ocorreu com os campos anteriormente definidos. Para tanto, importa acolher as crenças de cada criança, de cada adolescente ou de cada adulto, para que possam ser vistas, analisadas e, possivelmente, modificadas.

Caso, tenhamos esses cuidados com os seis campos da vida humana, apresentados no diagrama acima, poderemos fazer da educação uma grande oportunidade de “prevenção das neuroses futuras”, à medida que cada criança, cada adolescente ou cada adulto poderá melhor organizar sua experiência corporal, sua vida emocional, assim como seu mundo do imaginário, das crenças e dos símbolos, que dão direção à vida. 

A educação lúdica, por sua vez, faz isso tudo --- trabalha o corpo, atua sobre a relação emocional consigo mesmo e com os outros, trabalha a compreensão mental, porém, acrescentando a plenitude e a alegria.

No trabalho em Biossíntese, nos conectamos com três vias de trabalho psicoterapêutico, como também podem ser três as vias do trabalho educativo:

 

a via da transmutação, que organiza e reorganiza o corpo e a personalidade, trabalhando com a organização emocional, com a liberação dos bloqueios de energia e com os pontos de constrição emocional;

a via da transformação, que vai mais profundamente que a transmutação e atua na área biossocial dos serviços a si mesmo e ao coletivo, trabalhando com a manifestação de nossas qualidades essenciais na vida diária;

a via da transcendência, mais profunda ainda, que atua nos processos transpessoais, trabalhando com a desidentificação dos nossos processos egóicos e estabelecendo contato profundo com nosso ground interior da espiritualidade corporificada.

 

Deste modo, o trabalho psicoterapêutico, assim como o trabalho educativo de autodesenvolvimento, proposto pela Biossíntese, integra as várias áreas do ser humano --- sensorial (corpo), da personalidade (emocional), das crenças (experiência do imaginário) --- e, consequentemente,  de suas diversas dimensões --- corporal, emocional e espiritual. A intenção do trabalho em Biossíntese é possibilitar ao ser humano integrar-se na sua experiência pessoal e social, de tal forma que possa viver bem consigo mesmo e com os outros dentro dos parâmetros da verdade, do respeito de si mesmo, do respeito do outro, da convivência, do ser. Para isso, importa ter um corpo sadio, uma personalidade integrada e crenças claras.

No caso, a Biossíntese dá a base para uma prática pedagógica lúdica, que, com alegria, possibilita ao educando centrar-se em si mesmo, tendo suporte para reconhecer-se quem é e como é; assim como possibilita uma sólida base corpomente, aterrando-se a si mesmo no mundo do real, sem a busca de fugas e subterfúgios; e, por último, propiciando as condições de intimidade suficiente para garantir a comunicação livre, criativa e verdadeira.

 

3.4. A ação terapêutico-educativa lúdico-biossistêmica

O trabalho psicoterapêutico em Biossíntese tem como finalidade possibilitar a cada ser humano viver, o melhor que pode, sua experiência de vida, aprendendo, inclusive a conviver com os bloqueios, se não for possível de ultrapassá-los, aos menos no momento presente.

O objetivo do trabalho terapêutico --- diz Boadella --- é restaurar na pessoa um estado de pulsação saudável na qual as atividades básicas da vida são rítmicas, dão prazer, e trabalham para facilitar o contato consigo mesma e com os outros[7].

E, acrescenta que não devemos olhar o trabalho psicoterapêutico como um “produto” a ser adquirido, mas sim como um processo. Centrar a ação no produto pode distorcer o verdadeiro trabalho terapêutico que é permitir ao cliente restaurar o seu fluxo de vida.

Configurando esse limite crítico, Boadella sinaliza que,

 

em Biossíntese, o processo de crescimento terapêutico é mais importante do que o produto. Se focalizarmos o produto, nós poderemos facilmente começar a fazer demandas ao paciente que preenchem nosso modelo de saúde: por exemplo, a demanda para ser emocionalmente expressivo pode seguir-se à crença de que expressão emocional é saudável. O enfoque “produto” para a terapia pode impor demandas novas, algumas vezes resultando em uma nova forma de tirania, sobre pessoas, cujos problemas podem já estar relacionado com seguir as demandas dos outros.

 

Mas, então, qual a direção adequada do trabalho psicoterapêutico? Responde ele:

Num trabalho terapêutico, muita atenção é colocada na direção na qual a pessoa que está sendo ajudada deseja mover-se, o problema que confronta e os passos que quer dar. Se, como ocorre frequentemente, ela está com pouca clareza sobre estes, o terapeuta trabalha para suavizar a respiração e soltar as tensões musculares, a tal ponto que a direção do crescimento e tendência ao movimento do cliente pode ser diretamente experienciada. Há um emergente no cliente, um tema, uma potencialidade, uma direção interna, que pode ser diretamente experienciada pelo terapeuta e ajudada a desenvolver-se. Portanto, o terapeuta não procura dar direções ao cliente, exceto como medida temporária; mas ajuda a descobrir suas direções internas.

Na medida que há muitos estilos diferentes de vida, [também] não há somente um objetivo para a terapia, mas muitos. Cada pessoa, à medida que se aproxima de encontrar seu mais profundo impulso direcional --- seguindo-o ---, experimenta prazer, aumento de vitalidade e um sentido mais completo de plenitude.

O que importa é restaurar o fluxo da vida, e, neste contexto, o terapeuta não tem a solução, mas é aquele que, amorosamente, acolhe, sustenta e confronta a experiência, os anseios e os cominhos do cliente, para que ele mesmo faça o seu caminho, enquanto caminha.

A prática educativa que se serve dos recursos propostos pela Biossíntese pode e deve seguir o mesmo caminho: garantir ao educando, através das múltiplas possibilidades de atividades pedagógicas, de um lado a organização criativa de sua vida e, de outro (por que não?) a restauração de muitas dores do passado que estão impedindo a vida de fluir como deve.

A prática educativa lúdica, como é ativa, por si só, oferece ao educando a oportunidade de confrontar-se consigo mesmo, descobrindo seus limites e possibilidades; e, assim sendo, restaurando o passado, vivendo e compreendendo o presente, como construindo o futuro.

Deste modo, o que importa é organizar e/ou reorganizar a vida de forma saudável e, se isso for buscado, certamente que experiências negativas do passado serão restauradas, de tal forma que a vida se torne mais pulsante.

Certamente que essa ação curativa da educação não será mecânica, no sentido de que, exercitada, obrigatoriamente, a fluidez da vida virá. Haverá, sim, um processo e este implica em cuidados, dedicação e tempo. Deste modo, nem todos os educandos vivenciarão do mesmo modo as atividades didáticas propostas; haverá, sim, toques, mas eles não serão iguais para todos; uns reagirão de uma forma, outros de outra.

Não será um psicoterapeuta que praticará esta educação, mas sim um educador, qualificado a partir dos princípios da ludicidade e da Biossíntese.

 

2.3.5 O profissional lúdico-biossistêmico

Quem será o profissional que praticará essa educação? Tomando por base três estilos de interação entre educador e educando, estabelecidos por Paulo Freire --- invasão, privação, diálogo ---, Boadella configurou a relação ideal do psicoterapeuta com o cliente, no seio da Biossíntese, que pode, também, ser a conduta do educador lúdico-biossistêmico. Nem invasão, nem privação, importa uma relação dialógica.

Esse também é o lugar do educador, aquele que pode e deve fazer trocas profundas com o educando, através do diálogo; ensinando que é possível dialogar, sem invadir e sem privar.

Dentro dessa configuração, Boadella apresenta cinco possibilidades de estilos de relação psicoterapêutica, que também podem ser os cinco estilos de possibilidades de relação entre educador e educando, chegando a conclusão de que existe exclusivamente um estilo que configura o modo de ser do psicoterapeuta (ou do educador, no nosso caso) em Biossíntese, onde ambos, terapeuta e cliente (ou educador  e educando) dançam a dança da vida, para que o cliente (ou o educando), ao caminhar,  encontre seu caminho. Estilos possíveis:

 

Estilos

Psicoterapeuta

Educador

Estilo 1

terapeuta ativo e cliente receptivo

educador ativo e educando receptivo

Estilo 2

terapeuta e cliente ambos ativos

educador e educando ambos ativos

Estilo 3

terapeuta e cliente praticam uma dança energética

educador e educando praticam uma dança energética

Estilo 4

cliente e terapeuta, ambos ativos

educando e educador, ambos ativos

Estilo 5

cliente ativo e terapeuta receptivo.

educando ativo e educador receptivo.

 

Observando essa proposição, verificamos que:

 

nos estilos 1 e 5, que são os extremos, no 1 predomina a ação do terapeuta/educador, no 5 predomina a ação do cliente/ educando;

nos estilos indicados pelos números 2 e 4, ocorre como que uma disputa entre terapeuta/cliente e cliente/terapeuta; correspondendo a educador/educando e educando/educador;

só no estilo 3, terapeuta/educador e cliente/educando encontram o verdadeiro caminho, onde ambos respeitam seus respectivos papéis: o terapeuta/educador como aquele que acolhe, sustenta e confronta a experiência do cliente/educando e o cliente/educando como aquele que vivencia a sua experiencia, sua jornada pessoal, seu caminho pessoal, com sua continência do terapeuta/educador.

 

Boadella fala, então, de uma “dança energética” entre terapeuta/educador e cliente/educando.

É nessa dança que corpo, personalidade e imaginário podem ser acolhidos, confrontados e transformados, de tal forma que cada pessoa, cada cliente, cada educando ultrapasse os limites da primeira camada da personalidade e possibilite a aproximação do centro mais verdadeiro do nosso ser.

Para cumprir esse papel, tanto o terapeuta como o educador em geral e o educador lúdico em específico necessitam “assumir o papel de adulto da relação”. Isso significa que, no caso da educação, o educador é aquele que acolhe, nutre, sustenta e confronta[8], amorosamente, o educando, para que ele possa formar-se na sua interação com o outro, que lhe subsidia condições de desenvolvimento.

O educando, na fala de David Boadella, representa o princípio formativo e o educador representa, nessa relação, o princípio organizativo[9]. Não há formação para a verdade e a autonomia de cada um, sem a interação com o outro; por isso, os princípios formativo e organizativo interagem numa dialética permanente de tal forma que o verdadeiro ser do educando vá se configurando.

Só uma dança energética entre terapeuta e cliente ou entre educador e educando pode fazer isso. Só essa dança pode restaurar as ameaças das neuroses e traumas do passado, abrindo portas para uma vida saudável no presente e no futuro.

 

3. Concluindo

Em síntese, a partir dos conceitos e das práticas da Biossíntese, podemos e devemos deduzir uma proposta e uma prática pedagógicas que possam formar o ser humano no seu mais verdadeiro contato consigo mesmo, respondendo às demandas emergentes presentes na vida social. Assim sendo, a educação é, também, um processo de cura, seja no sentido de “cuidado com o futuro” (prevenção das neuroses futuras), seja no sentido de “restauração do passado”, no sentido que, cuidando do futuro, obrigatoriamente mobilizamos e restauramos qualidades do passado, olhando para elas e transformando-as; e isso é bastante curativo. Contudo, caso a prática educativa não assuma os cuidados delimitados pela Biossíntese ou outra teoria semelhante, teremos, sim, a reprodução e multiplicação de neuroses e traumas do passado, assim como projetamos neuroses e traumas para o futuro. A questão está posta para nós todos que, de alguma forma, praticamos a educação --- pais, professores, pastores, vigários, mestres, treinadores de recursos humanos... Cabe olhar para ela.

A prática educativa lúdica, por ter seu foco de atenção centrado na plenitude da experiência, propicia tanto ao educando quanto ao educador oportunidade ímpar de entrar em contato consigo mesmo e com o outro, aprendendo a ser, tendo em vista viver melhor consigo mesmo e junto com outro. Para uma prática educativa lúdica é necessária uma teoria que leve em consideração o ser humano na sua totalidade biopsicoespiritual, à medida que assenta-se no corpo, organizando a personalidade e estabelecendo crenças orientadoras da vida.



[1] Ver os livros de Domenico de Masi, A emoção e a regra e O ócio criativo, ambos da Editora Sextante, Rio de Janeiro

 

[2] Terapia corporal criada por Wilhelm Reich, a partir dos anos 1920.

[3] David Boadella, Correntes da Vida: uma introdução à Biossíntese, São Paulo, Summus Editorial, p. 10.

[4] Idem, O que é Biossíntese (Apostila)

 

[5] David Boadella utiliza os termos “centring”, “grounding” e “facing”, para expressar a experiências fundamentais do ser humano, expressando, respectivamente, o centrar-se em si mesmo, o assentar-se na realidade através do corpo e do movimento, o comunicar-se consigo mesmo e com o outro

[6] O diagrama foi criado por David Boadella e publicado no Common Ground and Different Approaches in Psychotherapy, Editado por Esther Frankel, Escola de Biossíntese, Rio de Janeiro, Brasil.

[7] As citações que seguem agora foram retiradas do texto O que é Biossíntese, tradução realizada por Eunice Rodrigues, Centro de Biossíntese da Bahia.

 

[8] Sem acolhimento, nutrição, sustentação e confronto, não há educação. Cada termo desse merece uma conceituação própria; coisa que não poderemos fazer no espaço deste texto; as compreensões relativas a essas expressões podem ser encontradas no capítulo 9 do livro de Cipriano Carlos Luckesi, Avaliação em Educação: questões epistemológicas e práticas, Cortez Editora, SP.

[9] Sobre esses dois princípios ver a introdução do livro Correntes da vida, de David Boadella, S. Paulo, Summus Editorial.